quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Elegância despojada

A natureza é a grande protagonista dos cenários criados pelo arquiteto carioca David Bastos. Com informalidade e emoção, ele projeta ambientes que garantem prazer e conforto. Formado pela Universidade Federal da Bahia, Bastos revitalizou a região das docas de Salvador com a instalação de seu escritório no trapiche, em 1995. A partir daí, surgiram o célebre restaurante Trapiche Adelaide e, depois, o Bahia Design Center.

Com mais de 600 projetos residenciais, comerciais e corporativos na bagagem, escritórios em Salvador e São Paulo, o arquiteto criou um ambiente repleto de charme e personalidade para a Hyundai Mostra Black de arquitetura, decoração e paisagismo, que aconteceu recentemente em São Paulo. O Champagne Bar era um espaço avarandado de 80 m², elo entre o interior da casa e o jardim. A ideia de David Bastos foi reunir praticidade com originalidade para receber bem. Inteiramente construído com madeira, o bar tinha veludo preto nas cortinas, carpete no chão e um amplo e confortável sofá italiano em formas orgânicas. Para completar, contava com o luxo de uma banheira de mármore, repleta de champanhe, e com banquinhos e mesas auxiliares que harmonizam o interior. Veja a seguir algumas ideias do arquiteto.

O que você evita e o que mais utiliza esteticamente em seus projetos? Qual é a sua “marca registrada”?

Uma boa implantação da edificação no terreno, espaços amplos, boa funcionalidade, boa volumetria, simplicidade e conforto são elementos básicos para um bom projeto. Também uso elementos que me possibilitem o aproveitamento do que é natural, por exemplo, piso de madeira quando o local é muito frio, para que seja confortável andar descalço. Acho que a marca do meu trabalho é a informalidade e a liberdade.

Qual dica você recomenda para trazer aconchego e bem-estar a um ambiente?

Procuro fazer espaços amplos e utilizar ao máximo as possibilidades estruturais de cada elemento. Dessa forma, conseguimos que haja o mínimo de interferência no ambiente, traduzindo-se numa linguagem limpa com espaços generosos. Móveis e objetos que compõem o ambiente devem ter tamanho ou forma que mantenham o equilíbrio com o entorno e principalmente com o usuário do espaço. Na escolha do mobiliário, gosto de peças confortáveis e levo mais em conta sua proporção em relação ao conjunto do que seu valor material ou marca. Um ambiente bem iluminado e ventilado de forma natural é primordial para o bem-estar.

O que faz a diferença para deixar um ambiente mais amplo e arejado?

O espaço tem que ser concebido de forma ampla, com medidas generosas. No caso de reformas, quando é possível, integramos outro cômodo retirando o elemento que os separam (alvenaria, dry-wall, divisórias). O fator preponderante é manter a proporção dos elementos que vão ocupar os espaços. Outra coisa que ajuda é usar cores claras em espaços pequenos. Isso dá a sensação de amplidão. Costumamos utilizar esquadrias de madeira com venezianas móveis que possibilitam regular a entrada de ar. O sistema de abertura também é importante. Utilizamos a do tipo camarão, em que todas as portas se recolhem no canto, o que possibilita a abertura quase que total do vão.

De que maneira a iluminação participa e ajuda seus projetos?

Assim como a ventilação, a captação de luz natural é muito importante na concepção do projeto. Conseguimos isso com aberturas de grandes vãos e uso de grandes panos de vidro ou com a própria veneziana móvel, que regula a entrada de luz. O equilíbrio é obtido do jogo entre esses elementos. À noite, não gosto de iluminação muito forte e de lâmpadas frias. Costumo usar iluminações pontuais com pouca luz, assim o ambiente fica mais aconchegante.

Você disse que cores fortes são a tendência do momento. Onde elas devem estar presentes (paredes, móveis, acessórios, etc.) e de que forma?

Costumamos utilizar cores fortes nos móveis e objetos. As alvenarias, deixamos como base neutra para que a pessoa não enjoe fácil, salvo algumas exceções.

Quais recursos você considera importantes para conferir modernidade a uma casa/projeto?

Não costumo utilizar adornos na edificação. O belo tem que resultar de uma arquitetura limpa, com espaços amplos, mantendo-se a proporção entre os diferentes volumes da edificação para que seja agradável visualmente e funcionalmente. A modernidade vem por meio da qualidade do desenho. E a boa qualidade de fabricação e construção vem da luz artificial ou natural. Enfim, é resultado de todo o conjunto refletido pela presença dos elementos bem estudados e em harmonia.


Fonte: http://blog.gafisa.com.br

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