terça-feira, 30 de agosto de 2011

Atmosfera feminina

Antes escura e cheia de divisões, esta casa ganhou vida nova depois de encontrada por uma jovem arquiteta, que a transformou em refúgio, trazendo mais luz natural e amplidão aos ambientes. De tão gostosa, a morada virou ponto de encontro dos amigos.

Reportagem Visual Tiago Cappi e Helena Cardoso (assistente)

Texto Regina Galvão
Fotos Marco Antonio
Ilustrações Carlos Campoy


Quando a arquiteta Mariana Andersen começou a procurar um imóvel, este sobrado, na zona oeste de São Paulo, foi o primeiro local que visitou. No entanto, a decisão da compra precisou de um ano para amadurecer. "Minha intenção inicial era viver em apartamento e demorei certo tempo para me convencer de que, na verdade, desejava uma casa", revela. Entre as características que ela buscava, estavam a área verde e a luz natural abundante. "Apesar de o sobrado ser todo compartimentado, percebi que poderia visualizar o quintal da porta de entrada se derrubasse as paredes centrais", conta. E assim foi feito. Cinco pórticos metálicos, embutidos nas paredes laterais, reforçaram a estrutura, que ganhou também vigas aparentes pintadas, nas quais se instalaram a fiação elétrica e alguns pontos de luz. No piso, mais uma boa solução: as réguas de peroba-rosa vieram de um leilão, organizado por uma demolidora. "Havia escolhido o cimento-queimado, mas o preço atraente me levou a investir na madeira, muito mais acolhedora", avalia. Terminada a reforma, Mariana definiu que a decoração seria em tons de cinza, azul e roxo. As aquisições, no entanto, aconteceram aos poucos. "Ficava na rede do quintal, imaginando a peça ideal para cada canto", recorda.

A moradora

"A integração entre as áreas internas e externas proporciona uma deliciosa sensação de liberdade. Sem contar que ganhei um céu só meu para curtir no quintal", declara a moradora Mariana Andersen, arquiteta. Formada em arquitetura pela Universidade Mackenzie em 2007, Mariana Andersen divide hoje o Estúdio Casa 14, em São Paulo, com a sócia, Mariana Guardani, que a ajudou a escolher as peças decorativas da casa. Em seu tempo livre, gosta de ler, ver filmes e receber os amigos.

A casa

Este sobrado dos anos 1960 nunca havia passado por uma reforma. Embora bastante deteriorado, tinha pé-direito alto e uma boa estrutura, qualidades que atraíram a atual proprietária. Foram necessários sete meses de obra para renová-lo completamente.

Sofá para se esparramar

Peças baixas e confortáveis, a exemplo do estofado do Espaço 204, definem a decoração. Dessa forma, o mobiliário não barra a visão dos espaços integrados. Mesas de ferro da Casamatriz.

Bancada única

O elemento de concreto acompanha os 3,90 m da lateral da casa e assume diversas alturas, servindo de apoio para livros, banco e bancada de pia. Poltronas da Casamatriz e serigrafias de Ivan Serpa (Arterix).

Escada divisória

Demolido, o modelo anterior, que ocupava a mesma área, deu lugar a esta escada de estrutura metálica, que dialoga com as vigas aparentes, também de ferro. Tapete e almofadas de Fernando Jaeger.

Home office

Foto de Evelyn Müller (Dbox) e cadeiras da Tok & Stok.

Arte na cozinha

Na área molhada, surgem faixas de ladrilhos hidráulicos em recortes no piso de peroba-rosa. As peças, com desenhos de Flávio de Carvalho (1899-1973), são da Dalle Piagge. Mesa da Espaço 204 e pendente da Futon Company.

Prateleiras à vista

Com 28 cm de profundidade (Sobmedida Marcenaria), elas ocupam o vão que surgiu com a criação do nicho da geladeira (Dbox). O balcão tem 40 cm de profundidade. Bancos da Marcenaria Baraúna, objetos da Spicy e da Benedixt.

Quintal aprazível

A antiga edícula deu lugar a uma simpática área externa, com rede, apoio para o café da manhã e chuveirão. Cadeiras Deliciosa, de Fernando Jaeger, e mesa da Tok & Stok. O pai de Mariana se encarregou do paisagismo.

Vista ampla

No lugar da janela, um vão com portas de correr: a mudança possibilitou instalar uma varanda metálica no local (Rack Accima). Poltrona orgânica e mesinha da Benedixt, mancebo da Fas, luminária da Arterix e tapete da By Kamy.

Ponto de cor

A cama de décadas passadas rejuvenesceu graças à nova pintura (Estúdio Glória). A dupla de mesas italianas cria um contraponto de épocas (Benedixt). Abajur da Faz e roupa de cama da Trousseau.

Banheira míni

Este modelo da Ouro Fino, com apenas 90 cm de comprimento, se ajustou perfeitamente à largura do banheiro. O lavatório fica no quarto para possibilitar uma bancada mais espaçosa. Pastilhas da Jatobá.

Escritório arejado

Sem paredes divisórias, o quarto da frente virou o escritório de Mariana, com mesa e cadeira de linhas retas da Etel Interiores. Os arranjos de flores da casa levam a assinatura de Yáskara Idemori Jaeger.

A reformaNo projeto original, o sobrado tinha sala e cozinha separadas por paredes e reservava uma área externa para o botijão de gás. Mariana transformou o lugar em lavabo e nicho para acolher armários e geladeira. A ventilação desse banheiro ocorre por um duto instalado sobre o nicho do eletrodoméstico. No fundo da casa, a edícula deu lugar ao quintal.

A reformaNo piso de cima, os três quartos deram lugar a uma grande suíte e ao escritório de Mariana, voltado para a rua. O banheiro do quarto da arquiteta foi construído sobre a área do novo lavabo e do nicho da geladeira, posicionados no térreo. "Ganhei 8 m², divididos em dois pisos", diz. O cálculo estrutural da varanda metálica, assim como dos pórticos, foi feito pela Minuano Engenharia.